quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Dondoca


G continua trabalhando na costa oeste da Florida. Ele tem ficado lá inclusive nos fins de semana, com excessão desse fim de semana que passou, porque ele estava com saudades da Dondoca e da “filha dele”.
A Dondoca vai ficar em prisão domiciliar por 4 meses (posse de heroina) e acredito que a pena vai entrar em vigor na próxima semana. G está muito infeliz, porque significa que ele vai poder vê-la só na casa e na compania dos pais dela.
Ele me ligou na sexta-feira passado lá pelas 5 da tarde. dizendo que estava vindo para casa, e que gostaria que a Dondoca passasse a noite aqui em casa. Eu disse, lógicamente Não!!! Não comigo na mesma casa.
Lá pelas 9 da noite ele liga da casa dos pais dela, dizendo que ia vir para cá com ela, ( eu estava falando no telefone com uma amiga no Brasil). Eu disse que isso era um pouco demais. Que ele esperasse até sábado, que eu iria para a casa da A e os dois pombinhos podiam ter a casa para eles. Ele concordou e naquela noite foram para um hotel.
Enquanto isso o Bill havia ligado e queria ir almoçar fora comigo no Sábado. Eu a principio concordei (o G havia dito para mim ir, afinal ia ser um almoço de graça), mas depois, pensando comigo mesma, que se eu na verdade estava tentando me livrar do Bill, e não fazia o menor sentido incentiva-lo indo almoçar com ele. Liguei para ele, disse que não poderia ir porque tinha que ir buscar amigos no Aeroporto que estavam voltando de Washington naquele Sábado (e o pior é que era verdade, só que eles chegariam as 7 da noite). Ele, depois de 2 horas choramingando, aceitou a desculpa, mas disse que não ia esquecer e que eu ficava devendo uma saida para almoçar com ele (aqui se chama Rain Check).

No sábado acordei, e logo o telefone tocou com o G dizendo que vinha me buscar para nós todos (G, Dondoca e Baby) irmos tomar café da manhã no Golden Corral. Aceitei o convite, afinal comida de graça sempre vai bem e eu de qualquer forma queria conhecer a “filha dele”.
Eles chegaram, e eu com minha boa educação somada a pena que eu tenho pela Dondoca (já mencionei aqui que ela agora com 23 anos de idade, continua com uma atitude de uma criança de 10 anos de idade, não é maldade é a pura verdade), recebi ela com um abraço e um beijo. Corri para ver a baby, que é bonitinha, mas muito menor do que o normal para um baby de 3 semanas.
A Dondoca no momento em que me vê, fica super insegura e começa a fazer caras e bocas, quase um tique nervoso e mexer no cabelo (enrolando mechas) de uma maneira incontrolavel. Eu me sinto, de certa forma poderosa por criar essa insegurança nela (Graças a Deus não é o oposto), mas não tiro vantagem disso. Trato ela como uma criança, com muita paciência e escutando ela falar sem parar. Não, não é exagero, ela fala sem parar. No carro, chega ao ponto de eu e o G conversarmos enquanto ela continua falando, como uma criança agitada.
Eu trabalhei com uma mulher assim, e eu costumava dizer a ela : - Não pare, continue falando, eu vou até o banheiro e já volto.
As vezes tenho vontade de tirar sarro da Dondoca dizendo isso a ela, mas sei que o G me estrangularia ( ele detesta o meu sarcasmo).
Ela entrou para trocar a fralda, e dar de mamar. Eu fiquei lá fora conversando com o G. Lá de fora eu ouvia a Dondoca falando sem parar, com o nene ou com ela mesma, sei lá. Alias, ela fala com ela mesma e o G acha engraçado e normal?!?!!!!
Ele pediu desculpas pelo telefonema da noite anterior, e disse que os pais dela tambem não se sentem bem com eles dormindo juntos na casa deles.
Lógico, ele tem que decidir o que ele quer fazer da vida. Ele tem que arrumar um apartamento para eles viverem como um casal de verdade com uma criança.

Bom, fomos para o Golden Corral. Eu e o G sentamos lado a lado, ela e o bebe do lado oposto da mesa. Comemos, ela falando sem parar, o G tentava mudar de assunto perguntando do meu novo emprego, mas foi uma tentativa em vão porque ela voltava a conversa para ela e sobre ela, o que não me preocupou de maneira nenhuma porque eu e o G conversamos tanto por telefone que já não tinhamos mais assunto.
Antes de sairmos do restaurante ela foi trocar a fralda de novo, o G me forçou a ir ajuda-la.
O G havia dito que a criança é muito calma, o que para mim é uma surpresa devido a agitação da Dondoca, que naturalmente passaria essa agitação quase histérica para o nene. Ele disse que não, que os únicos momentos em que ela chora, é trocando a fralda e mamando.
No banheiro do restaurante, ela começou a trocar a fralda e aos gritos ela repetia sem parar algo assim:
- You are my ted bear, You are my ted bear, You are my ted bear, my ted bear……. (voce é meu urso de pelucia ) – A coisa mais irritante do mundo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! E alto!!!!!! A criança que até então estava dormindo e calma, acordou e abriu o maior berreiro.
Eu, não sabia se dava um soco nela para ela parar com a “cantoria ou melhor gritaria” , ou se eu tentava acalmar a criança. Foram uns 10 minutos de pesadelo. Sai do banheiro quase correndo e toda tremendo com a agitação.
Entramos no carro com ela repetindo aquela frase e a criança continuando com o berreiro. A esse ponto a cara do G, já estava transtornada e desfigurada de exaustão (Ah, como eu conheço aquela cara dele).
Eu dirigindo, o G do meu lado e ela no banco detras com o nene. Eu, botei um cd de rock, aumentei o volume, a Dondoca calou a boca e finalmente o nene se acalmou. Abaixei o volume aos poucos e fomos para casa.
Entramos em casa e ela histéricamente, repetia que tinha que trocar a fralda de novo. O G foi para a lavanderia com as fraldas (ela não usa fralda descartavel), eu fui preparar minha malinha para ir para a casa da A, e a Dondoca começou com a coisa do Ted Bear de novo. Eu não aguentei e fui para o quintal fumar um cigarro.
O G passou por mim, eu não tive que falar e falei:

- G! Faz alguma coisa! o nene chora por causa dela!!!!!! Por que que ela fica gritando no ouvido da criança daquele jeito!!!! Vai no Wallmart compra um disquinho de musica para nanar, pelo amor de Deus. A criança vai ficar surda!!!!!!!!
Ele, virou e com uma cara super aflita, disse: - EU SEI !!!!

Eu sou uma pessoa extremamente calma. Detesto gente que é muito agitada. O G apesar da personalidade bipolar, no dia a dia é calmo. Ele é gentil.
O que eu vi, é que não existia uma coisa sincera da parte dela com a criança. Como eu presenciei com amigas e familiares. Uma voz doce e carinhosa, de relação mãe e filha na hora de dar de mamar ou trocar a fralda. Era como se ela estivesse brincando com uma boneca e não era o que ela queria fazer. Super esquisito.
O G entrou. Quando eu entrei, ela estava no banheiro e o G estava vindo para a sala segurando a criança nos braços. Era uma cena linda. Uma coisa doce e calma. Eu não consegui tirar os meus olhos dele com aquela criança nos braços. Por fim eu disse a ele: - Voce sabe exatamente como e o que fazer. Ele não disse nada.
Não disse a ele o que eu vi na relação da Dondoca com o nene. Achei que ele sabia.

Fui para a casa da A. No dia seguinte liguei para ele para saber do meu gato, mas quando perguntei se estava tudo bem ele disse que não. Disse que discutiram na noite anterior e que a uma da manhã ele levou ela e o nene de volta para a casa dos pais.
Voltei no domingo a noite, ele foi embora na segunda de manhã.
Ele tem ligado todos os dias mas não tenho perguntado da Dondoca.
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